segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A Campus Party



Trecho do depoimento da @izavarezzi sobre a Campus Party:


“Foi minha primeira ida a uma Campus Party.
O primeiro impacto são as toneladas de tecnologia e gadgets eletrônicos de todos os tipos cercando os mais de 6 mil geeks inscritos (quase 4 mil ali acampados) de todos os cantos do Brasil e do mundo, que somados aos jornalistas, palestrantes, patrocinadores e equipes do evento chegavam a 10 mil pessoas. Eles lotaram os 38 mil m2 do Centro de Exposições Imigrantes, num espaço dividido entre a “arena dos campuseiros” – restrito aos inscritos – e uma área de Exposições aberta ao público, por onde circularam, de acordo com os organizadores, cerca de 90 mil visitantes.
Ou estavam entre fileiras de mesas quilométricas, sentados lado a lado na frente dos seus computadores e notebooks, ou participando das atividades em 12 palcos e áreas de eventos e lazer, onde eles assistiram a horas e horas de palestras, debates, mesas-redondas e oficinas, com apresentações de inovações (e invenções) falando de tudo o que a gente pode imaginar na área da tecnologia e informação: foguetes espaciais, games, inclusão, sustentabilidade, programação, segurança, redes sociais, hardware, software, o futuro da internet, política, robótica, ética, educação, design, mídia, entretenimento… Além de uma conexão em alta velocidade ali disponível, permitindo que milhares de usuários baixassem games, filmes, músicas, programas, plugins e todo o conhecimento possível e imaginável, freneticamente entupindo seus HDs com terabytes de relíquias.
Isso tudo enfrentando um calor abrasador e filas quilométricas para entrar e sair de qualquer lugar na arena (banheiros, praça de alimentação, até pra pegar pipoca de graça no stand da Vivo tinha fila…), virando noites a base de muitos Cup Noodles, pizzas e Nestonzinho… Juro que teve uma hora que eu olhava aquele movimento todo e lembrava do Powaqqatsi, com a trilha do Philip Glass martelando na minha cabeça… os garimpeiros de Serra Pelada atrás de uma pedrinha de ouro que pudessem levar… aliás, Powaqqatsi quer dizer “vida em transformação”, e eu fiquei pensando… é isso, a web transformou irreversivelmente nossas vidas. Hoje somos escravos dessa tralha eletrônica toda, como viver, como trabalhar sem a web?? E a velocidade de tudo é tão incrível… a sensação que temos hoje é que estamos sempre no limiar de alguma coisa nova, diferente e bombástica, prestes a acontecer.
(…)
Aliás, essa turma conectada não ficava um minuto “assistindo” a nada estaticamente. Eles ficavam o tempo todo com um olho na palestra e outro no celular ou no tablet ou com o note no colo, twittando, postando, comentando tudo o que estão vendo. Isso já virou um padrão de comportamento dos “conectados”.
E reagiam, empolgados, toda vez que ouviam coisas do tipo: “Sejam livres, desafiem, desobedeçam, criem!” É o que todo jovem gosta de ouvir!  Eles amaram o discurso inflamado daquele velhinho de barbas brancas e brinquinho de argola na orelha, atendendo pelo apelido de “Maddog”! Kul chegou de roupão (em apoio a uma flashmob promovida no campus onde todos ficavam de roupão) e bengala, contando que falava um pouco de português, pois sua esposa é brasileira… e contou que adora caipirinha! Ben fez sua palestra descalço e saltitante, imitou vozes, dançou, ele é um showman!
Woz impressionou pela franqueza e simpatia, chegou a encher os olhos de lágrimas quando contou como conheceu sua mulher.  Falou de quando era jovem e cheio de sonhos: “Eu era como vocês, exatamente assim, quando era mais jovem. E pensava: um dia eu ainda quero desenvolver meus próprios produtos…” Contou quando conheceu Jobs no colégio: “Éramos dois nerds querendo criar computadores menores, em plena década de 70, quando as máquinas eram gigantescas… Para mim, diminuir, usar o mínimo necessário, aproveitar ao máximo as capacidades das peças sempre foi um desafio de inteligência… Eu sempre fui assim. Nunca gostei de ir a num lugar onde a gente era obrigado a se vestir de uma determinada maneira. Nunca gostei de me sentir igual a um grupo e fazer as mesmas coisas que todo mundo faz.”  E nessa hora tava lá: #WOZ, nos trend topics de Sampa!! Pura emoção.”


Ingrid Zavarezzi é autora, roteirista, produtora e publicitária.
Com diversos trabalhos em teledramaturgia, linha de shows,
comerciais e marketing político.